Apresentação da Entrevistada
Laís Cristine Pinheiro Jimenes representa a nova geração e a continuidade do legado cultural da Festa do Divino Espírito Santo de Joanópolis. Neta de Néia e sobrinha de Cidão, Laís iniciou sua trajetória na viola caipira e no grupo de Matutos, sendo preparada diretamente pela Professora Neide para assumir um papel central na organização e preservação da festa. Ela é a guardiã do repertório musical, coordenadora das atividades do grupo e a principal responsável por manter a tradição viva, adaptando-a aos novos tempos e garantindo que o ciclo de devoção seja cumprido anualmente.
Resumo da Entrevista
A entrevista com Laís Cristine Pinheiro Jimenes detalha a transição da tradição do Divino para a nova geração, o trabalho de resgate e organização, e a profunda ligação entre fé e cultura popular.
Início na Tradição e o Legado de Neide
Laís relata ter começado a participar da Festa do Divino ainda criança, por volta dos 6 ou 7 anos, após seu tio (Cidão) a conduzir para aulas de viola e para o grupo de Matutos, que tocava e cantava no Divino. Ela desenvolveu uma relação de proximidade intensa com a Professora Neide, tornando-se seu “braço direito” e vivendo um período de grande e desafiadora atividade, onde respiravam cultura e projetos. Laís herdou de Neide a coordenação e a responsabilidade de levar adiante a Festa do Divino, especialmente após o falecimento da professora em dezembro de 2019, logo antes do início da pandemia.
Adaptação e Reestruturação da Festa
O ciclo do Divino, que começa 50 dias após a Páscoa, coincidiu com o isolamento da COVID-19. Laís coordenou a adaptação das celebrações para o formato online, realizando os terços virtualmente para não perder a tradição. Ela também explica a reestruturação do formato da festa, iniciada por Neide: para evitar a desvirtuação do evento com carros de som e a comercialização excessiva (como ocorria nas grandes cavalgadas com 5.000 pessoas), a celebração foi transformada. Atualmente, o ciclo se mantém com terços semanais nas casas dos devotos e uma grande Festa no dia de Pentecostes na comunidade.
Simbologia, Música e a Família
A entrevistada detalha os elementos e a história da Festa, citando a influência do pensador Joaquim de Fiore e da Rainha Isabel de Portugal na origem da celebração. Ela explica a simbologia do Divino, incluindo a Pompa (Espírito Santo), o Manto Vermelho (fé e família real) e a escolha de Crianças como Imperador e Imperatriz (representando o ideal de um mundo guiado pela sabedoria e pureza). Laís enfatiza que a música é a principal manifestação da Festa, sendo quase todo o repertório autoral da comunidade (em grande parte composta por Cidão e Neide). Ela destaca que toda a sua família agora participa: o pai cozinha o tradicional afogado, a mãe ajuda na cozinha, e os avós (Néia e o avô) carregam bandeiras e apoiam a organização.
Visão de Futuro e Responsabilidade
Laís demonstra um grande senso de responsabilidade, mas enfatiza o lema da Professora Neide: “O Divino não é da Professora Neide. Ele é de todo mundo.” Ela acredita que o Divino dá caminho, sabedoria e entendimento, e que a festa não é de sua família, mas de todos que se unem para levá-la adiante. Seu objetivo é garantir que a tradição continue e que a nova geração esteja sempre preparada para seguir o ciclo de devoção.
Ficha Técnica
Produção Executiva: Lili Andrade
Direção: Caio Buni
Assistência de direção: Aline Badari
Direção de fotografia: Gilberto Rodrigues