Texto e fotos: Caio Buni/Sintonia n2/2017

Nos últimos anos, nossa região ganhou atenção devido a imprensa nacional em virtude do motivo drástico: a seca da Represa Jaguari-Jacareí, maior e mais alta represa do Sistema Cantareira, que chegou a apenas 3% de sua capacidade no auge da crise hídrica em outubro de 2014. Com os ciclos da natureza, as chuvas retornaram na maior intensidade, além de mudanças nas regras de gestão do Sistema e redução do consumo; dessa forma, atualmente o volume de água da Represa está em 73% da capacidade total (dados de 16/04/2017, fonte: SABESP).
Apesar da recuperação do volume da Represa ainda não estar pleno, grande parte das atividades de lazer e turismo que acontecem em função de suas águas já foram retomadas.
Em Bom Sucesso, morador de Joanópolis, conta que não vê a hora de pescar no Mangue Seco, e em sua cidade, mais “quando a água da represa baixou, eu não parei de pescar” e comenta que este ano o local voltou a ter água.
“Você pode ter o problema que tiver, mas pescando se esquece tudo.”
“O Mangue Seco é bom para pescar pela praticidade, o carro chega pertinho. Bastante gente pesca aqui”, conta Elias. Pode-se chegar ao bairro, pelo centro e através na primeira curva da Rodovia entre Serras e Águas, partindo de Joanópolis. “Aqui eu pesco traíra, bagre, black bass, lambari, tilápia, cará, carpa, tem variedade de peixe. Dá pra pescar o ano inteiro!”
Circulando pela Represa em finais de semana e feriados, não é raro ver passeios de lancha, veleiro ou moto aquática (jet ski), esqui aquático, entre outros. A região também é conhecida pelas marinas e esportes náuticos, setor que está em plena atividade atualmente.
Animado com o retorno das águas da Represa, este ano Ariel Righi montou a Escola de Vela Jaguari, oferecendo aulas para quem deseja aprender a velejar e também passeios de vela. Diferentemente da navegação com barcos a motor, velejar exige constante atenção e destreza, além de habilidade e experiência. Isso porque o veleiro tem relação direta com a natureza, movimentando-se em função das características da água e do vento.
Ariel conta que velejar em represas em meio a montanhas é um desafio, devido às mudanças rápidas e frequentes na velocidade e direção do vento. Este motivo torna a Represa Jaguari-Jacareí um ótimo local para ensino das técnicas de navegação à vela e de como aplicá-las com agilidade.
Aspirantes a velejador de diversas localidades fazem aulas com Ariel e também turistas o procuram para aulas e passeios. Seu barco é atracado na Pousada Monte Leone, na baira Pailoi Grande em Joanópolis, com acesso pela Rodovia Entre Serras e Águas.
Pessoalmente, posso afirmar que a experiência de velejar traz outra visão da Represa e uma gostosa sensação de estar em meio à natureza. Inclusive recomendo aos leitores que não deixem de conhecer o esporte e a cidade, e a ideia é iniciar em barcos maiores com instrutor, depois comprar uma vela simples para lazer, alguns modelos usados, como o Holder, Laser, entre outros, podem ser adquiridos por valores a partir de mil e quinhentos reais. Fica a dica!
Argentino da Patagônia, Ariel veio sozinho para o Brasil aos 17 anos de idade e construiu sua vida em São Paulo. Anos mais tarde, estruturou sua vida como empresário e se casou com Sueli Oliveira, conhecida como Shu. Eles chegaram a morar por três anos em um veleiro, viajando pela costa brasileira até a Venezuela.
Há 5 anos, o casal decidiu buscar uma vida mais tranquila, compraram um sítio na beira da Represa e abriram o restaurante Flor de Lis no bairro Guaraiúva, em Vargem – que fechou por falta de clientes durante a Crise Hídrica. Ariel se define como velejador e agricultor, atualmente moram em um sítio com vista para a Represa.